segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Amavelmente nomeado

Menino com cão-Picasso


Ele era maior que uma formiga e tinha um nome. Ele me pertencia: a vida dele ficou dentro da minha durante seis anos. Uma vez perguntei para minha mãe: por que ninguém chora quando uma formiga morre? Ela disse: uma formiga por ser muito pequena, fica longe dos olhos dos que podem chorar. Só os diariamente visíveis são capazes de cultivar afeição. Mas não basta ser grande suficiente para ser visto. Tem que pertencer a alguém. Não um pertencer anônimo: como os animais criados para serem abatidos, que são apenas numerados. Mas um pertencer amavelmente nomeado. Rique era maior que uma formiga e era diariamente nomeado e visto. Até o momento em que passou a ficar sempre de olhinhos fechados. Olhinhos que lacrimejavam remelas. Que só se abriam quando eu insistia em chamá-lo para brincar. Então ele abria os olhinhos por alguns segundos. E parecia pedir desculpa com um terno e lento fechar de pálpebras.


O VALE DA DESTRUIÇÃO

Eu andei no vale da morte e só encontrei destruição. A morte perdeu a piedade por nós e nos abandonou para apodrecermos em v...