Sinto-me muito pequeno ao lado do infinito e bem
depressa abandono essas reflexões. Meu corpo quente, que vive, tranquiliza-me. Toco
minha pele com amor. Ouço meu coração, mas evito colocar a mão sobre meu peito
esquerdo pois não há nada que me assuste tanto como esse batimento regular, que
não comando e que tão facilmente poderia parar. Movimento minhas articulações,
e respiro melhor sentindo que não doem.
Ah! Solidão, que bela e triste coisa! Como é bela
quando a escolhemos! Como é triste quando nos é imposta há anos!
Certos homens fortes não estão sós na solidão, mas
eu, que sou fraco, estou só quando não tenho amigos”.
Emmanuel Bove, in Meus amigos.